**À Espera que o VAR Anule o Golo da Mão de Deus de Maradona** – Napoli
Enquanto o mundo do futebol debate e analisa o papel da tecnologia no belo jogo, parece que voltamos a um tempo em que as emoções cruas do desporto colidem com as métricas frias da modernidade. Neste enredo contínuo, o eterno espectro do controvertido golo “Mão de Deus” de Diego Maradona está de volta ao centro das discussões, com o sistema VAR a pairar de forma incómoda na mistura.
No coração de Nápoles, onde o legado de Maradona tem uma importância quase religiosa, não se pode deixar de ponderar sobre as possíveis ramificações de o VAR decidir o que é ou não um golo. Alguns iriam tão longe a ponto de especular que a única coisa que falta a este teatro tecnocrático é a anulação daquele infame golo que destacou os quartos-de-final da Copa do Mundo de 1986 contra a Inglaterra.
A mistura de nostalgia e frustração aumenta sempre que os adeptos recordam aquele momento; é um que muito bem poderia ser avaliado por um árbitro assistente de vídeo hoje. O golo, que mostrou a audaciosa mistura de habilidade e ousadia de Maradona, é um potente lembrete de como o jogo evolui. A ideia de o VAR anular tal momento icónico reflete a tensão entre o espírito do jogo e as imposições da tecnologia.
Jorge Valdano, uma figura chave daquele jogo memorável, recentemente comentou sobre esta tempestade. Ele observou como a essência do futebol poderia ser comprometida se o VAR realmente escrutinasse cada pequeno detalhe, chegando ao ponto de sugerir que o legado de Maradona poderia ser manchado por uma aplicação demasiado pedante das regras de hoje.
À medida que as narrativas se desenrolam e os confrontos em campo se revelam em repetições tecnicolor, somos deixados a questionar: deve o belo jogo permitir-se ser dissecado de forma tão minuciosa? O debate oscila entre preservar o drama criado pelo erro humano, que muitas vezes enriquece a narrativa, e a busca pela justiça na arbitragem.
Não se pode deixar de sentir um aperto de saudade pelos dias em que a decisão do árbitro, mesmo que aparentemente bizarra, permanecia a palavra final. Nesta era de repetições e de uma análise pixel perfeita, o medo de que os maiores momentos da história possam ser apagados—ou pior, tornados insignificantes—paira pesadamente sobre o belo jogo. Tudo isto, enquanto os fiéis de Nápoles continuam a deliciar-se com as memórias de Maradona: o jogador, o mito, o homem por trás da mão.
Com os debates a continuarem acesos, parece que ainda estaremos envolvidos em discussões acaloradas sobre o papel da tecnologia no futebol por algum tempo. O espírito do jogo pode muito bem sobreviver, mas por quanto tempo os fantasmas de partidas passadas controversas permanecerão nas mentes dos adeptos, questionando para sempre a interseção entre o talento passado e a tecnologia presente?
– Fonte: “https://www.virgilio.it/italia/napoli/notizielocali/ci_manca_solo_che_il_var_annulli_pure_il_gol_della_mano_de_dios_di_maradona_valdano_-74862262.html”
